A contadora Andréa Serino Barbosa tinha um tumor na medula desde a gestação, mas ninguém sabia. Aos doze anos, ela começou a sentir sinais, pois estava com problemas para impulsionar o pé e subir os degraus. Sua mãe percebeu que aquela dificuldade não era normal e procurou um ortopedista. Os médicos, então, analisaram Andréa e disseram que poderia ser algo neurológico. A partir deste momento, a família procurou vários neurologistas do Recife, porém o diagnóstico correto demorou a ser descoberto.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!Depois de vários anos investigando o caso, os médicos descobriram um tumor na medula que estava afetando o corpo de Andréa. “Na época foi muito difícil saber que tinha um tumor. Estava com 17 anos, em plena adolescência, e não dava para prever como minha vida mudaria. O tumor tinha 9cm, tamanho considerado grande para padrões da medicina”, conta.
Andréa passou por diversos procedimentos e soube do risco de ficar paraplégica. “Fiz sete cirurgias no total, quatro para retirar o tumor e três porque tive algumas complicações e precisei refazê-las. Os médicos me alertaram que se a cirurgia não desse certo poderia ficar paraplégica. Durante a operação, o cirurgião tentou retirar todo o tumor, mas nessa tentativa acabou atingindo a minha perna esquerda causando uma lesão”.
Ela estava na metade do Ensino Médio e, por causa do tratamento, teve bastante dificuldade para concluir os estudos.“Muitas vezes no final de semana precisei de professores particulares para me ajudar a conseguir terminar meus estudos”, afirma.
Assim que terminou a escola, ela não foi aprovada no vestibular e passou três anos de sua vida só fazendo o tratamento do tumor. Entre 1992 e 2002, Andréa precisou retornar diversas vezes ao médico para ver se o tumor havia reaparecido. Nesses dez anos fez fisioterapia intensa.
A última cirurgia ocorreu em 2002, para retirar todo o tumor, mas Andréa acabou contraindo no hospital uma meningite bacteriana que afetou os seus movimentos. “Antes eu andava com andador ou a muleta. Por conta da meningite, perdi mais movimentos. Então hoje em dia eu andando mais com o andador e o aparelho nas pernas, mas fiquei mais dependente da cadeira quando é para andar longas distâncias”, conta.
Atualmente, Andréa não consegue andar um grande percurso com o andador nem com os aparelhos na perna, uma vez que perdeu a força total do membro direito como consequência da meningite. “Quando eu vou para o trabalho, desço do carro com o andador, mas quando chego na minha sala tem uma cadeira de rodas para poder me movimentar melhor e sem depender dos colegas”.
Andréa relata que sofreu discriminação quando estava procurando estágio para poder ser formar. “Quando eu passava pelas entrevistas para estágio, as empresas diziam que tinha gente que havia sido melhor do que eu nas entrevistas. Eu sabia que aquilo não era verdade. Eles queriam uma mão-de-obra de barata que podia produzir o máximo”.
Ela só conseguiu um estágio porque o seu tio falou com primo da família que trabalhava no Hospital Português. “Quando eu terminei o estágio de um ano, o hospital queria me contratar como funcionária, mas conversando com minha família, achamos que seria melhor estudar para concurso porque o salário que me ofereceram era baixo e não havia perspectiva de crescimento dentro hospital”, afirma Andréa.
Seis meses após terminar a faculdade, ela, que já vinha estudando para concurso público, passou na prova da Prefeitura do Recife. Assumiu o cargo e passou quatro anos trabalhando lá, mas continuou estudando para os concursos e foi aprovada como técnica judiciária no Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco. Ela relata que nesses dois órgãos nos quais trabalhou nunca aconteceu de sofrer preconceito, pois eles tiveram de se adaptar às suas condições.
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