Em 1824, Louis Braille aos 15 anos, criou o sistema de escrita e leitura tátil para as pessoas com deficiência visual. Sua história começa aos três anos, brincando na oficina do seu pai feriu o olho esquerdo ao tentar perfurar um pedaço de couro com um objeto pontiagudo, causando grave hemorragia. Quando estava com cinco anos, a infecção atingiu o outro olho e ocorreu a cegueira total.
Mesmo com a perda da visão conseguia aprender muito bem na escola. Aos 10 anos conseguiu uma bolsa de estudos no Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris, a primeira escola para cegos do mundo. Na Instituição, o ensino consistia em fazer os alunos repetirem as explicações e os textos ouvidos.
Preocupado com seus estudos e com a criação de um sistema para as pessoas cegas, conseguiu criar um sistema que consta do arranjo de seis pontos em relevo, dispostos na vertical em duas colunas de três pontos cada, no que se convencionou chamar “cela braille”. A diferente disposição desses seis pontos permite a formação de 63 combinações ou símbolos para escrever textos em geral, anotações científicas, partituras musicais, além de escrita estenográfica.
O Braile chegou ao Brasil através de José Álvares de Azevedo que nasceu cego e era filho de Manuel Álvares de Azevedo, uma família rica do Rio de Janeiro. Seus pais sempre muito preocupados, procuravam os melhores tratamentos, decidiram enviar José Alvares para estudar na única escola especializada na educação de cegos que havia no mundo naquela época — o Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris. O menino frequentou a escola, na condição de interno, dos 10 aos 16 anos, obtendo aproveitamento máximo em todas as disciplinas, segundo o relato de João Pinheiro de Carvalho, ex-aluno da escola de Paris e viria mais tarde a lecionar no Instituto Benjamin Constant.
Quando José Álvares retornou ao Brasil em 1850, tinha vontade de ensinar o sistema e criar uma escola semelhante, em que poderia estudar. Para conseguir realizar seu objetivo, saiu dando palestras em todos os lugares como casas de famílias ou nos salões da corte. Já mostrava naquela época seu próprio exemplo de vida que era possível incluir as pessoas com deficiência visual se disponibilizarem recursos para elas. Foi o primeiro professor especializado no ensino de cegos no Brasil, com isso teve a oportunidade de se aproximar de D.Pedro II que ficou impressionado e sensibilizado pela causa e deu início ao processo de criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos — hoje, Instituto Benjamin Constant.
Mas José Álvares, não conseguiu ver o seu sonho se tornando realidade, seis meses antes da inauguração, ficou doente de tubérculo e acabou falecendo aos 20 anos em 1854. O Instituto passou a crescer ao longo dos anos, aceitando diversos alunos de diversas regiões do Brasil, após dez anos, passou a ser chamado Instituto Nacional dos Cegos, mas em fevereiro de 1891, mudou de nome novamente para Instituto Benjamin Constant.
O Instituto tem 167 anos é referência nacional na educação e capacitação profissional de pessoas cegas, com baixa visão, surdocegas ou com outras deficiências associadas à deficiência visual. Faz capacitações de profissionais públicos e privados, reabilitação para pessoas que perderam a visão, é um centro de pesquisas no campo da oftalmologia e da educação especializada, também possui um dos programas de residência médica mais respeitados do país, com isso fazem atendimento médico à população, realizando: consultas, exames e cirurgias oftalmológicas.
Eles também contam com a Imprensa Braile, que é o maior parque especializado em produção Braile, que começou seus primeiros trabalhos em 14 de agosto de 1857 com oficinas de tipografia e encadernação. Atualmente, eles editam, imprimem livros e revistas para pessoas cegas e com baixa visão, além de contar com um farto acervo eletrônico de publicações científicas.