Texto: Paulo Pinheiro / Foto da capa: Larissa Pontes
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!Está encerrado mais um carnaval do Recife, na terça-feira (21/02), a tradicional festa de fechamento aconteceu no palco Marco Zero e contou com nomes de peso da cultura pernambucana. André Rios, Nena Queiroga, Alceu Valença, Elba Ramalho, Lenine, Maestro Spok e João Gomes, comandaram o palco do polo principal, das 18h do dia 21 até às 4h do dia 22/02. A área acessível estava disponível para os/as foliões(a) aproveitarem o último dia do carnaval e se despedirem da época mais aguardada do ano pelos pernambucanos.
André Rios, abriu a festa e comentou a importância do carnaval democrático e inclusivo “É fundamental, eu fiz questão de descer para a parte de baixo do palco, é lindo poder dá acesso para todos de forma igualitária. A gente vive em um mundo que não cabe mais nenhum tipo de preconceito ou segregação, o sol está aí para todos, então que todos tenham possibilidades”, contou.
As atrações estavam atentas a questão de acessibilidade do evento, assim como André, o Maestro Spok comentou a relevância da área acessível – Nós não conseguimos saber como é a realidade de uma pessoa com deficiência, só vivendo para saber das dificuldades, mas é sempre uma questão que acompanhamos de perto. Acredito que ainda tem coisas para melhorar, mas que bom que as pessoas estão acordando para este tema tão importante, que é a inclusão – explicitou.
O Maestro ainda relembrou a participação do passista de frevo e cadeirante, Matheus Pimentel “é lindo ver ele no palco e você nota que aos poucos as coisas estão evoluindo, mas ainda tem muito a ser feito. Quando eu toco ao lado de alguém como ele, eu vejo tudo mais claro”, concluiu.
O evento contou com a equipe de intérpretes de libras, que comentou a rotina no polo principal. “Eles podem interagir com a gente e com a obra do autor, tivemos todo um preparo antes para esse momento de tradução, estamos desde a sexta-feira, participando e transmitindo para a comunidade surda presente aqui na área acessível.”, Lucas Castro, intérprete de libras. Para Simone Lime, também intérprete, o carnaval possibilitou boas experiências “é uma emoção enorme transmitir o que está acontecendo, isso é a verdadeira inclusão”, afirmou.
Às 21h50 o palco do Marco Zero foi tomado pelos versos das músicas de João Gomes, o cantor mobilizou um grande coral com seus maiores sucessos: “Eu tenho a senha”; “Se for amor”; “Que nem vovô” e “Aquelas coisas”. João Gomes, também surpreendeu a todos da área acessível, ao descer do palco e cumprimentar todas as pessoas que estavam por lá.
Durante a coletiva, ele comentou a participação das pessoas com deficiência em seu show – Ali na frente, tem pessoas na área acessível, todo mundo curtindo e tendo uma boa visão do palco. Estou muito feliz de estar aqui – pontuou.
Vânia Carvalho, avó de Jonatas Lima que é uma pessoa surda e usuário de cadeira de rodas, comentou o entusiasmo do neto pelos shows e sua satisfação em estar em uma área projetada para pessoas com deficiência “Ele adora festa! A área acessível está excelente, estou muito feliz pelo o que eu encontrei neste carnaval. Eles também sentem prazer em participar desta festa”, declarou.
Com grandes atrações, o palco principal lotou cedo e consequentemente a área acessível também. O espaço destinado à acessibilidade do evento se tornou pequena, para o grande público com deficiência que compareceu ao espetáculo. Segundo a organização da área PCD, às 19h o limite de pessoas foi atingido na área reservada e consequentemente várias pessoas com mobilidade reduzida, cadeirantes e surdas ficaram desassistidas pelo evento.
“Faltou mais espaço no camarote da acessibilidade, só tem apenas um banheiro adaptado, era para ter mais. O atendimento está bom, eles foram legais com a gente, mas o espaço deixou a desejar. Eu não tive dificuldade para chegar aqui, mas tenho consciência que outros tiveram, pela quantidade de pessoas que estão aqui. A prefeitura do Recife deve procurara o Conselho da Pessoa com Deficiência, para receber orientação”, contou Amidol, Paratleta.
Para a turista Siana Guarajara, Distrito Federal (DF), a falta de informação comprometeu o último dia do carnaval no Recife “Conseguimos o veículo acessível disponibilizado pela prefeitura e chegando lá, buscamos informações para termos acesso à área acessível e houve desencontros de informações. Os bombeiros nos ajudaram a chegar no palco, lá, a organização do evento disse que não havia mais vagas e pediram para nos retirarmos, pedimos para ficar no cantinho por medo da multidão que estava fora da área reservada e eles insistiram para saímos. Foi um constrangimento que poderia ter sido evitado. A área acessível era minúscula, tudo isso só para dizer que existe inclusão? Mas não existe”, relembra.