O carnaval do Recife teve acessibilidade?

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Texto: Larissa Pontes / Foto da Capa: Marcos Pastich/PCR e Ed Machado/PCR

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A longa espera para o Carnaval do Recife acabou na última sexta-feira (17), com a abertura do Carnaval na praça do Marco Zero. A cerimônia iniciou com as tradições pernambucanas com o desfile e apresentação das agremiações, depois o Maestro do Forró iniciou a cerimônia de abertura com a orquestra da bomba do Hemetério. Na sua apresentação teve a participação especial de Matheus Teixeira, o Rei da pessoa com deficiência do Carnaval, que transmitiu uma mensagem maravilhosa “O carnaval do Recife é isso, está aberto o carnaval da diversidade, da inclusão e do amor, muita paz e muito frevo”. 

João Victor fez aniversário em 16 de fevereiro e estava na apresentação para celebrar os seus 14 anos com o pai, Edgar. Ele disse-nos: “Eu e meu filho João Victor gostamos muito da Orquestra Popular da Bomba do Hemisfério. Somos amigos de Chico, o maestro do forró, há muito tempo, e viemos prestigiá-lo mais uma vez”. 

Fotografia tem Edgar que um homem branco, cabelo curto, usa óculos, está de blusa preta e calça jeans e nos seus ombros está seu filho João Victor, que criança com deficiência, vestida de homem aranha.  Atrás dele tem público geral do Marco Zero.
Pai e filho assistindo à Orquestra da bomba do Hemetério (Foto: Paulo Pinheiro)

O Carnaval do Recife teve como tema “#VolteiRecife Com Todos os Carnavais”, uma homenagem aos Carnavais antigos, devido ao grande anseio dos foliões por essa celebração tão democrática, que proporciona alegria para todos durante cinco dias. A capital pernambucana recebeu 2,7 milhões de pessoas, com média de 300 mil visitantes por dia no Marco Zero. Dentre eles, a mineira Carolina Ayres Lavourinha, designer e usuária de cadeiras de rodas, que veio do Rio de Janeiro com sua família. “Nós sempre viemos para o Carnaval do Recife, por minha mãe ser Pernambucana e gostamos muito do Carnaval daqui. Estou na expectativa para ver todos os cantores, Caetano Veloso, Duda Beat, Geraldo Azevedo, Alceu e Elba..” relata a designer. 

Na fotografica tem quatro pessoas (duas mulheres e dois homens), todos com roupas de carnaval. Estão perto da grade que dividide o palco do Marco Zero e público geral.
Família reunida para se diverti no Carnaval do Recife (Foto: Paulo Pinheiro)

O Marco Zero dispôs de um espaço acessível para as pessoas com deficiência, onde podiam assistir aos shows, levar um acompanhante e usufruir do serviço de audiodescrição, além de contar com intérpretes de Libras. 

Liliana Tavares, responsável pela equipe de audiodescrição, explicou como funciona. “ Nós temos um aparelho, no qual, falamos e as pessoas com deficiência visual escuta tudo se que se passa no palco, traduzimos as imagens, é nosso segundo ano realizando esse trabalho aqui no Carnaval”. A equipe “com a acessibilidade” estuda toda a programação do Carnaval para que este trabalho seja realizado. “Nós temos um glossário do carnaval, pegamos as informações que saíram do carnaval, a gente vem antes, fotografa, faz o roteiro da audiodescrição antes, mas claro que carnaval é carnaval, acontece muita coisa simultânea, as roupas das pessoas, nós vamos saber no dia, como a gente tem muita experiência trabalhamos a mais de 10 anos, nós também fazemos isso de forma simultânea e qualquer coisa pode acontecer, porque a gente está perto do público, temos vê o que estão fazendo, o que estão vestindo, porque carnaval não é só show é quem está perto da gente também” conta Liliana. 

fotográfia contém quatro pessoas (três mulheres e um homem) todas de blusa preta e calcça jenas, com fones de ouvido em frente ao palco do Marco Zero.
Equipe da audiodescrição no Marco Zero (Foto: Paulo Pinheiro)

Esses recursos de acessibilidade faz com que todos tenha acesso igualmente a aproveitar festa como o Carnaval. Liliana muito animada conta qual é sensação pode realizar esse trabalho. “Então, quando vemos, eles dançando, quando falamos assim, as pessoas estão levantando os braços com dedo para cima e eles fazem, é quando eles se sentem parte do grupo. Às vezes eles perguntam como se dança, maracatu, por exemplo. A gente vai e diz, mostra então assim fazer com eles façam parte da cultura e possam usufruir da festa e se sintam parte do grupo”, relata a coordenadora. 

Michell Platini, publicitário, servidor público do Recife e pessoa com deficiência, visual, estevem presentem em vários dias na parte de acessibilidade e utilizando os recursos de audiodescrição, conta um pouco o que levar ele brincar o carnaval. “Sou carnavalesco, eu gosto de folia de povo e ter o recurso de acessibilidade para poder acompanhar o carnaval e fez, está aqui hoje. A experiência do carnaval está sendo muito rica, porque vivenciar o carnaval já é ótimo, vivencia o carnaval tendo acesso a imagens, faz você guardar na memória um momento como esse. Depois de dois anos sem carnaval a gente fica meio destreinado, mas é igual andar de bicicleta, quem já vivenciou o carnaval lembra como é emoção, lembra como é o passo do frevo, lembra qual é sensação de está no meio do povo. Então estou muito contente e alegre de está de volta ao carnaval” conta Michell. 

Nesta noite de abertura do carnaval, está presente vários artistas, secretários, ministros e o prefeito do Recife, João Campos, explica sobre como foi montado a acessibilidade e a importância desses espaço. “ O carnaval do Recife é um carnaval inclusivo, significa que todos têm o acesso em participar. Fizemos o acesso especial para as pessoas com cadeiras de rodas, o galo da madrugada tem um camarote especifico da acessibilidade, tem que dar direito a todos, agora ninguém fica para trás, todo mundo pode brincar e se diverti”, explica o prefeito. 

É importante que evento culturais tenha a preocupação e dê acesso às pessoas com deficiência poderem se divertir nos eventos. Silvério Pessoa, Secretário da Cultura, fala sobre a importância das práticas de acessibilidade na cultura. “ A acessibilidade que não seja nada excepcional, que seja uma prática natural, prática humana. O conceito de diferença ter que ser reconfigurado, revisto e o que percebo é que todas as atividades, as práticas, as ações não só da prefeitura, como a governadora do estado, a questão de acessibilidade, de inserção, de acolhimento, respeito, com naturalidade cada vez mais é acentuado. Então estou muito feliz de dizer, vê e perceber que essa ação está cada vez mais espontânea”, afirma Secretário. 

Mas Recife ainda tem muitas questões a acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência para evoluir e aprimorar os serviços oferecidos, na noite de sexta-feira muitos detalhes de decoração, de serviços estavam sendo finalizados. Fernanda Lira Ayres, mãe de Carolina, também relatou que entrou em contato com a prefeitura do Recife e se informou que ia ter vans adaptadas para trazer até o Marco Zero. “Mas o transporte não era acessível, era uma van, que não era adaptada para a cadeira de rodas. Ela entrou no veículo nos braços do motorista, que foi muito solícito, mas mesmo assim é uma situação constrangedora. Quando chegamos no palco principal no início da tarde, ainda não tinha uma equipe para dar suporte”, afirma Fernanda. 

Michell também relata que para chegar até Palco do Marco zero, não é muito fácil. “Sempre tempos dificuldades infelizmente não há uma rota acessível para essa área, o transporte público podia para mais perto. Mas sem está mar de gente para a gente curtir o carnaval”, afirma Michel. 

O pai João Victor também faz algumas críticas sobre divulgação da acessibilidade chegue a mais pessoas com deficiência. “Seria bom que mais pessoas pudessem participar mais, a gente vê aqui dois cadeirantes, no estado de Pernambuco só tem dois cadeirantes? Se todo mundo se conscientizassem e terem acesso, muitas pessoas também não tem esse conhecimento de ter acessibilidade e essa facilidade que a gente tem de trazer nossos entes. Há 3 anos não temos o evento, já foi melhor, estou achando esse espaço muito pequeno, na hora que encher mesmo será meio complicado. Esse ano o espaço está sendo o menor de todos, apesar de só ter duas cadeiras só. Mas poucas pessoas vão respeita isso depois que convidados, convidado do convidado aí terminará lotando isso daqui”. 

Na sexta-feira, a área de acessibilidade estava do lado direito do palco e era menor que nos outros dias em que realizamos a cobertura. Além disso, foi possível perceber a dificuldade de locomoção quando o espaço estava cheio de convidados da Prefeitura do Recife. Muitos cadeirantes tiveram que ser auxiliados pelos bombeiros para terem acesso ao banheiro ou sair dessa área.

A cerimônia de abertura terminou com o espetáculo do Caetano Veloso, que animou a noite com canções do seu disco “Meu Coco”, mas também tocou algumas músicas mais antigas. Caetano tem uma ligação profunda com Pernambuco, já ganhou o título de cidadão Pernambucano e quis homenagear Pernambuco com a música “evocação” de Nelson Ferreira, um grande sucesso de Carnaval. A praça do Marco Zero estava cheia de pessoas ansiosas pelo show, pois fazia 10 anos que Caetano havia feito uma apresentação no Carnaval do Recife.

O Manoel, que é estudante de publicidade e tem mobilidade reduzida, estava ansioso pelo show do Caetano. “Eu amo carnaval desde criança. A minha família é muito carnavalesca e eu só simplesmente amo. Por o carnaval ser isso, é a festa do povo, é uma grande festa contagiante, é a festa mais democrática que a gente tem no Brasil todo. Então eu amo estar nessa Folia e fazer parte desse carnaval na volta, né? Então eu não ia perder ele jamais e esse carnaval que marca volta e dois anos sem carnaval e hoje vim para vê o Caetano, porque ele embalar a minha vida são várias músicas dona da minha cabeça ela vem como um carnaval”, afirma o estudante de publicidade.

Já duda beat estava emocionada de cantar na cidade onde nasceu e viveu por anos, relembrou quando ia ao Carnaval do Marco Zero com sua avó e fez uma homenagem a ela cantando a música “Voltei Recife”. O carnaval está oficialmente aberto para a brincadeira de sábado de Zé Pereira no maior bloco Galo da Madrugada. 

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