A segunda edição do projeto Checagem Acessível aposta no uso da tecnologia para construir uma ferramenta inovadora e inclusiva. Para acessar o formulário, o interessado deve acessar www.eficientespcd.com.br
Para entender os problemas enfrentados pelas pessoas com deficiência com a propagação de desinformação e as consequências das fake news, o Instituto de Acessibilidade Comunicacional (Inova.aê) desenvolve desde 2023 o projeto Checagem Acessível, iniciativa que busca contribuir para tornar o ambiente digital mais inclusivo e, em sua segunda edição, busca analisar o impacto que as notícias falsas geram nos brasileiros com deficiência. Para colher as informações necessárias, o projeto lança um questionário e convida as pessoas com deficiência a contribuir com o estudo. O documento pode ser acessado em : Formulário para pessoas deficiência auditiva e Formulário para as pessoas com deficiência Visual.
Em sua primeira fase, o Checagem Acessível realizou pesquisas junto a agências de jornalismo e pessoas com deficiência, identificando lacunas significativas na acessibilidade digital em portais de checagem de fatos. O estudo indicou que 80% das organizações nunca haviam realizado diagnósticos de acessibilidade em sua estrutura ou conteúdo. O estudo indicou ainda que nenhuma das organizações tinham pessoas cegas, com baixa visão ou surdas em suas equipes e não eram realizadas ações para a inclusão desses grupos nas redações. “Os resultados da pesquisa nos mostra a necessidade de promover a conscientização sobre a importância da inclusão e da diversidade, e da capacitação dos jornalistas em acessibilidade comunicacional e digital. Vivemos tempos em que é crucial fortalecer o senso crítico da população, através da educação midiática, mas não adianta reforçar a necessidade da checagem, sem que os portais de notícias sejam acessíveis a todos”, pontuou Mariana Clarissa, diretora de projetos da Inova.aê.
Com a nova etapa, a Inova.aê analisará os resultados colhidos no questionário para torná-los base para o desenvolvimento de ferramentas inovadoras e com base tecnológica que contribuam para um ambiente digital mais acessível e confiável. “O objetivo do formulário é compreender como esse público consome informações e identificar estratégias utilizadas para lidar com a desinformação”, ressalta Larissa Pontes, presidente do Instituto.
Acessibilidade – Com base em outros estudos, como a realizada pelo Movimento Web para Todos (MWPT), em parceria com a BigData Corp, em 2021, apenas 0,46% dos 21 milhões de sites ativos no país eram acessíveis. Em 2022, o índice subiu timidamente para 0,50%, atingindo 3,3% em 2023, mas recuou para 2,9% em 2024. Os dados refletem uma contradição alarmante: embora a acessibilidade seja uma exigência legal desde 2015, conforme a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), sua implementação efetiva ainda é insuficiente.
“Os desafios vão além da tecnologia. É necessário conscientizar desenvolvedores, jornalistas e gestores sobre a importância de criar conteúdos acessíveis e combater a desinformação de forma inclusiva”, afirma Mariana Clarissa. “É possível construir caminhos para uma sociedade mais informada e inclusiva. O combate à desinformação não pode ignorar o direito à acessibilidade, e garantir que todos tenham acesso igualitário à informação é um passo essencial para transformar o cenário digital brasileiro”, completa Larissa Pontes.