SÉRIE : COMO EMPREENDEDORES COM DEFICIÊNCIA ESTÃO TRANSFORMANDO AS REALIDADES LOCAIS

Terceira temporada do Lumecast Episódio 1

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(Música inicial) 

(Locução Mariana) 

Você sabia que existem 45 milhões de brasileiros com deficiência? Apenas 1% dessas pessoas estão inseridas no mercado de trabalho. Para contornar as inúmeras barreiras e preconceitos enfrentados ao procurar um emprego, algumas dessas pessoas têm buscado o empreendedorismo como alternativa. 

(Locução Larissa) 

O empreendedorismo, embora desafiador e repleto de obstáculos, representa para muitos o único caminho para entrar no mercado de trabalho e até a oportunidade para transformar seus objetivos em realidade. 

(Música inicial) 

(Locução Mariana) 

Olá! Eu sou Mariana Clarissa, uma mulher negra de estatura mediana. Meus cabelos são cacheados, em um tamanho médio e pretos. Este é o lume cast, um podcast produzido pela Lume Acessibilidade em parceria com o portal eficientes, empresas do Instituto de Inovação em Comunicação Acessível, a Inova.aê. 

(Locução Larissa) 

E sou Larissa Pontes, uma mulher branca, de cabelos cacheados, tamanho médio, cor castanho escuro, estatura mediana. Aproveitando: esse é um podcast totalmente acessível que discute acessibilidade comunicacional e temas que fazem parte do universo da pessoa com deficiência.

(Locução Mariana) 

Esta é a terceira série do Lumecast e aqui vamos contar a história de empreendedores com deficiência e ressaltar como eles estão transformando as suas realidades e o contexto local de onde vivem. Além disso, vamos também trazer um panorama sobre o cenário atual do mercado de trabalho para as pessoas com deficiência. 

(Música inicial) 

(Locução Mariana) 

Mesmo o trabalho sendo considerado um elemento social importante para o desenvolvimento do indivíduo e da própria sociedade, há um grupo de pessoas que ainda enfrentam inúmeros desafios para se inserir no mercado de trabalho. 

(Locução Larissa) 

Falta de capacidade, habilidade, competência e outros estão entre a lista de estigmas que fazem com que as empresas não identifiquem as pessoas com deficiência como profissionais qualificados para compor o seu quadro de funcionários. 

Segundo dados do estudo “Pessoas com Deficiência e Empregabilidade”, da Noz Inteligência, trinta e quatro por cento dos entrevistados estavam desempregados. Ainda de acordo com a pesquisa da noz, o quantitativo que consegue se inserir no ambiente de trabalho, enfrentam a falta de oportunidade para ascender profissional. Os dados apontam que sessenta por cento das pessoas com deficiência nunca foram promovidas de cargo, mesmo trabalhando na mesma empresa por mais de dez anos.

(Locução Mariana) 

Essa foi a realidade de Claudia Silva, mulher branca de cabelos lisos castanho-claro. Aos nove meses de nascida, ela teve poliomielite, o que a causou uma deficiência física. Durante sua vida, ela fez uso de muletas. Entrar no mercado de trabalho não foi fácil. Mas ela conseguiu se inserir. E por vinte e oito anos trabalhou em uma empresa de energia elétrica. No entanto, nunca teve sua função alterada.

(Claudia)

Trabalhei por 10 anos como prestadora de serviço, né? Como contratada aí depois de 10 anos, eh, eles efetivaram o quadro de atendimento ao público e aí não podia ter atendimento terceirizado, tinha que ser próprio da empresa. Aí eles efetivaram todo mundo e eu fiquei 28 anos na empresa, mas assim esse projeto que eu entrei como cota né? De cotista de deficiente eh, na verdade, as empresas mascaram né? Porque eles fazem só o social porque a inclusão não tem! Eu trabalhei 28 anos na empresa e deficiente dentro da empresa, não tem, não tem como subir de cargo. Tá mesmo que você seja capacitado com faculdade, pós-graduação, etc. não é dado é essa oportunidade

(Locução Larissa)

Devido uma fratura na coluna, há três anos ela usa cadeira de rodas. O fato agravou a sua rotina de trabalho. Sem conseguir se aposentar por não receber um parecer conclusivo do INSS, ela se viu sem poder trabalhar e sem recursos financeiros suficientes para se manter. 

(Claudia)

Eu me vi sem poder trabalhar numa cadeira de rodas e sem nenhum recurso financeiro, né? Então eu tive que me reinventar. E aí eu comecei a pensar o que eu poderia estar fazendo, que enquanto eu não recebesse nenhum provento do INSS, aposentadoria, nem auxílio por um por doença, nem aposentadoria, o que eu poderia estar fazendo para poder sobreviver? Então eu comecei a fazer eh caldos, salgadinho, vender bebida, o que daria para eu fazer numa cadeira de roda, né? E assim comecei o meu negócio

(Locução Mariana)

Com a ideia do negócio montada, Claudia analisou os desafios financeiros que precisaria enfrentar, criou uma estratégia e empreendeu. Abriu o boteco na vizinha, um estabelecimento de vendas de bebidas e comidas no bairro de Madureira, no Rio de Janeiro. 

(Claudia)

O primeiro desafio, né? Como uma empreendedora seria capital de giro, né? Então o que eu fiz? Comecei a vender uma coisa com valores menores, né? Que é onde eu tinha um capital para poder investir e ter um retorno. E a partir daí eu fui aumentando o meu capital para poder investir numa coisa melhor e que me desse um retorno maior, né? Eu comecei vendendo eh, bebidas, refrigerante, cerveja aproveitando o período, né? De calor. Aí a partir do dinheiro das bebidas, eu comecei a poder comprar material para começar com os caldos, né? Porque aí o caldo e a comida teriam um retorno mais rápido.

(Locução Larissa)

O negócio progrediu e, apesar de ter conseguido se aposentar meses depois, manteve as vendas que até hoje complementam a sua renda mensal. Cheia de planos para o futuro, Claudia vislumbra o crescimento do seu empreendimento. 

(Claudia)

Eu comecei com as vendas, né? De bebidas, refrigerante, eh, vinho, eh, bolinho de bacalhau, caldos e torresmo. Então, eu verifiquei que o meu carro chefe era o torresmo. Então o meu assim, o meu futuro como empreendedora, eh, seria fazer uma franquia de torresmo. Ou seja, eu vou fornecer para outras pessoas revenderem.

(Música)

(Locução Mariana)

Segundo o censo superior de 2018, apenas 0,52% das pessoas com deficiência conseguem finalizar um curso superior. Elas também enfrentam dificuldades para se inserir no mercado formal de trabalho.

(Locução Larissa)

Pâmela Melo, mulher parda de cabelos cacheados com luzes loiras, que usa cadeira de rodas e é uma pessoa  com nanismo, vivenciou esse dado. Aos 27 anos, ela é formada em jornalismo e, atualmente, é estudante de direito. Apesar de suas graduações, enfrentou e ainda se depara com muitos desafios no mercado de trabalho por ser uma pessoa com deficiência.

(Pâmela Melo) 

Então é muito difícil a pessoa com deficiência ingressar no mercado de trabalho. Primeiro para ela conseguir se profissionalizar, porque para uma pessoa com deficiência chegar ao nível superior, chegar numa universidade. Ela vai enfrentar diversos tipos de barreiras, como físicas e atitudinais. Quando ela chega as oportunidades são bem pequenas, mesmo tendo nível superior eu conseguia vagas de trabalho para call center, para atendente, para secretária e não que essa profissão de secretária, de call center, seja algo desmerecido, é uma profissão digna e boa. Porém, não é aquilo que eu estudei para ser. Eu sou jornalista e nunca consegui um emprego, uma oportunidade na minha área.

(Locução Mariana)

Diante desse contexto, embarcar na construção do seu próprio negócio foi a oportunidade que Pamela encontrou para destacar suas habilidades e garantir recursos financeiros. Inicialmente, vendendo bolos decorados. Depois, encontrou alternativas de renda como maquiadora e como artesã. 

(Pâmela Melo) 

Eu sempre gostei de maquiagem e decidi fazer o curso no Senac, depois como em 2020 depois da pandemia não conseguir emprego. Comecei a fazer laços infantis e tiara de luxo de cristal bordada porque também na época não tinha eventos para maquiar pessoas, e depois comecei a fazer bolos para vender

(Locução Larissa)

Mas, o empreendedorismo não é um mar de rosas, principalmente para as pessoas com deficiência. Além da falta de acessibilidade física das cidades e das empresas, elas precisam combater as atitudes capacitistas que estão enraizadas em nossa sociedade e que sempre os colocam à prova. 

(Pâmela Melo) 

Mesmo sendo empreendedora pela dificuldade que se tem no mercado de trabalho, a gente ainda sofre capacitismo no empreendedorismo. Por quê? Porque muitas vezes, as pessoas ou olham com olhar de surpresa para mim. Porque “nossa você que faz bolo?”, “é você que faz a maquiagem?” ou teve muitas pessoas que quando me indicam outra pessoa me indica e diz que eu sou uma pessoa com deficiência, elas querem vir na minha residência para ver, sou eu mesmo que estou fazendo bolo, sou eu que faço a maquiagem mesmo. É como se quisesse colocar à prova, aquilo que eu tô fazendo.

(Locução Mariana)

Para aqueles que irão embarcar nesse universo complexo que é o empreendedorismo, Claudia dá um conselho. 

(Claudia)

Bom o conselho, que eu daria para as pessoas com deficiência, que estão considerando abrir o seu próprio negócio. Seria primeiro verificar na sua área, né? O que não tem e que daria para ela fazer como um diferencial, né? E chamar atenção dos clientes, né? O ramo de comida, ramo de bebida, ver o que tem e o que ela pode fazer com o diferencial com qualidade, né? E que possa estimular os clientes a quererem conhecer o produto dela.

(Música)

(Locução Larissa)

Este é o primeiro episódio da terceira série do Lumecast. No próximo episódio a gente apresenta para você as histórias de Daniel e Daniele.

(Locução Mariana)

Pessoas com deficiência e empreendedorismo: um caminho para o mercado de trabalho é uma produção da Lume acessibilidade em parceria com o portal eficientes, empresas do Instituto de Inovação em Comunicação Acessível, a Inova.aê. Eu sou Mariana Clarissa, idealizadora deste podcast e co-criada deste roteiro e a voz por trás da locução deste episódio. 

(Locução Larissa)

E eu sou Larissa Pontes, produtora desta série, co-criadora do roteiro e a voz que também narra este episódio. A gente se encontra no próximo episódio! 

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