Terceira temporada do Lumecast Episódio 3
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Oi! Eu sou Mariana Clarissa, uma mulher negra de estatura mediana. Meus cabelos são cacheados, em um tamanho médio e pretos. Este é o terceiro episódio da série “Pessoas com Deficiência e Empreendedorismo: um caminho para o mercado de trabalho”, um conteúdo produzido pela Lume Acessibilidade em parceria com o portal Eficientes, empresas do Instituto de Inovação em Comunicação Acessível, a Inova.aê.
(Locução de Larissa)
E sou Larissa Pontes, uma mulher branca, de cabelos cacheados, tamanho médio, cor castanho escuro, estatura mediana. Aproveitando: esse é um podcast totalmente acessível que discute acessibilidade comunicacional e temas que fazem parte do universo da pessoa com deficiência.
(Locução Mariana)
Chegamos ao último episódio desta série e aqui vamos contar a história de empreendedores com deficiência e ressaltar como eles estão transformando as suas realidades e o contexto local de onde vivem. Você também vai compreender o atual cenário do mercado de trabalho brasileiro para as pessoas com deficiência.
(Música)
(Ana carolina)
A minha trajetória com deficiência visual começou quando eu tinha apenas 8 anos de idade. Naquela época, eu cheguei em casa da escola com os olhos vermelhos, então a minha mãe me levou ao oftalmologista. Após uma série de exames, eu descobri que tinha uma uveíte, que é uma inflamação nos olhos. Essa condição ocasionou outras doenças, como catarata, glaucoma e, por exemplo, que foi o que causou a perda total da visão aos 26 anos de idade.
(Locução Larissa)
Essa é Carolina Lemos, uma mulher branca de cabelos longos e pretos, que sempre teve a veia empreendedora pulsando. Já vendeu galeto com sua mãe e foi revendedora de perfumes e maquiagens. Mas os negócios não deram certo. Ao perder a visão, ela decidiu que não desistiria do empreendedorismo e investiu no ramo da beleza.
(Ana Carolina)
A beleza além da visão é um projeto que eu idealizei. Após a perda da visão, depois que me tornei consultora de beleza, tive acesso facilitado aos produtos. Comecei a treinar técnicas e formas para que eu pudesse me maquiar sozinha, porque quando eu era baixa visão eu não me sentia segura para isso, eu pedia que as minhas amigas me maquiassem e também porque eu não queria que as pessoas que me conheceram enxergando pensassem assim, Carol depois que ficou cega não se arruma mais, não se ajeita e eu não queria depender de ninguém para isso. Então comecei a treinar quando eu me maquiava sozinha que saía, as pessoas elogiavam e perguntavam quem tinha feito a minha maquiagem, quando eu falava que tinha sido eu, ninguém acreditava. Então eu vi que estava dando certo e surgiu o desejo de transformar algo ruim que aconteceu comigo, que foi a perda total da minha visão em algo bom, em algo belo, né? O “Beleza Além da Visão”. Então comecei a ensinar outras mulheres a se maquiarem sozinha também. Hoje eu já consegui alcançar mais de 50 mulheres, né? Ministrando cursos e oficinas pelo projeto. E o, beleza lenda visão, ele não só ajuda na autoestima, na autonomia, na independência, no empoderamento. É também na questão da pessoa se sentir capaz, saber que é capaz, ter confiança em si mesmo e não desistir dos seus sonhos.
Além disso, resolvi expandir as minhas habilidades, fiz um curso de massoterapia, isso me permitiu trabalhar em uma outra área e oferecer um serviço adicional para os meus clientes. A massoterapia não só me ajudou a diversificar minha fonte de renda. Ela também me proporcionou ajudar outras pessoas a se sentirem bem.
(Locução Mariana)
Mas, tanto na massoterapia como na consultoria de beleza, sentiu dificuldades para empreender. Ela remete isso à falta de acessibilidade nas ferramentas de gestão e comunicação, que nem sempre são acessíveis para quem tem deficiência visual, e ao preconceito da sociedade que subestima a sua capacidade.
(Ana Carolina)
Para superar algumas barreiras que eu enfrentei na minha jornada de empreendedora, eu utilizei de algumas estratégias. Primeiro, recursos de acessibilidade como software de leitores de tela. Depois eu busquei parcerias com outras empreendedoras para aumentar a minha rede de contato. E também sempre participando de cursos e workshops para poder estar ali expandindo as minhas.
(Locução Larissa)
Todos os personagens dessa série, quando perguntamos se utilizam auxílios governamentais ou de instituições como SEBRAE, CIEE e outras, as respostas sempre eram negativas: não, ou nunca utilizei nenhum recurso. A pesquisadora da NOZ inteligência, Juliana Vani, uma mulher branca com cabelos lisos pretos, realizou o estudo sobre a empregabilidade das pessoas com deficiência que aponta alguns resultados que podem nos levar a algumas reflexões importantes.
(Juliana Vanin)
Empreender é uma oportunidade, mas também um grande desafio. Para o empreendedorismo ser um caminho viável, é necessário qualificação. Hoje em dia, em quais marcas e produtos o consumidor com deficiência se identifica? Como uma empresa pode pensar nesse público se ela ainda tem dificuldade de incluir esses profissionais, de contratar esses profissionais? Então eu vejo esse mercado como oportunidade para empreendedores com deficiência. O capacitismo, que faz com que os profissionais com deficiência não recebam as mesmas oportunidades que os profissionais sem deficiência.
(Locução Mariana)
Mas essas barreiras não são só na hora da contratação. Elas acontecem em todos os âmbitos da vida das pessoas com deficiência. Para eles, é algo sempre presente. Mas como será no futuro?
(Juliana Vanin)
O futuro do mercado de trabalho para pessoas com deficiência, acho que ainda não está claro como será no curto prazo. Lógico que é um desejo de mudanças, mudanças significativas e duradouras, mas infelizmente ainda essas mudanças progridem lentamente. Um dos primeiros achados na pesquisa de pessoas com deficiência e empregabilidade foi a falta de informação. A gente tem algumas pesquisas sobre a percepção corporativa, percepção dos empregadores, mas muito pouca informação das pessoas com deficiência, da percepção do profissional com deficiência. Acho que a gente precisa acelerar a mudança e medir essas mudanças para entender. Um ponto positivo que eu vejo, e que eu acho que precisa ser explorado e trabalhado, é o aumento de debate sobre o assunto, sobre o mercado de trabalho para os profissionais com deficiência, e, especialmente, a pauta anticapacitista. Ela precisa estar presente e ela faz com que a mudança realmente aconteça. Como pesquisadora, eu espero realizar a pesquisa de pessoas com deficiência e empregabilidade e medir essa velocidade, entender como ela está acontecendo e trazer, em outro momento, uma resposta mais clara e fundamentada em dados para a gente entender como tem sido essa evolução.
(Locução Larissa)
Sem definição de futuro e sem a existência de políticas públicas e ações que promovam de fato a inclusão de qualidade das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, Marcelo Zig, um homem negro de cabelo medianos traçados e que usa cadeira de rodas, tem atuado para transformar essa realidade de forma mais humanizada com o quilombo pcd, um coletivo que une a luta antirracista à anticapacitista, e a Inckua, organização que conecta profissionais com deficiência às vagas de trabalho.
(Marcelo Zig)
Não como eu enxergo, mas como eu trabalho para que seja e como eu desejaria e desejo que se torne um dia de fato. Que as relações dentro do ambiente de trabalho sejam humanizadas e humanizadoras a partir da perspectiva da pessoa com deficiência. Porque quando a gente fala dos recursos utilizados, das adequações a serem promovidas para a participação da pessoa com deficiência nesse espaço, em diálogo com as pessoas sem deficiência elas sempre trazem a referência que elas gostariam também de ter o tratamento que a pessoa com deficiência deveria ter já no mercado de trabalho, na relação do ambiente de trabalho. Então, por que não é? Para toda pessoa reconhecer as especificidades de cada corpo, as demandas, as necessidades e compor a partir do interesse dessa pessoa a melhor oportunidade tanto para ela quanto para as empresas. Mas isso ainda não é, mas a gente segue na luta.
(Locução Mariana)
Este é o terceiro e último episódio da terceira série do Lumecast. Pessoas com deficiência e empreendedorismo: um caminho para o mercado de trabalho é uma produção da Lume Acessibilidade em parceria com o portal Eficientes, empresas do Instituto de Inovação em Comunicação Acessível, a Inova.aê. Eu sou Mariana Clarissa, idealizadora deste podcast e co-criada deste roteiro e a voz por trás da locução deste episódio.
(Locução Larissa)
E eu sou Larissa Pontes, produtora desta série, co-criadora do roteiro e a voz que também narra este episódio. Você pode acompanhar outras produções no site www.eficientespcd.com.br e no nosso Instagram, @eficientes_ e @inova.aê. A gente se encontra na próxima temporada do Lumecast!