Algumas brincadeiras acabam passando dos limites e podem trazer consequências graves para vida de uma pessoa. Foi assim com Cicero Correia de Floresta, atualmente com 55 anos. “A minha deficiência começou quando tinha cinco anos. Eu estava brincando com um menino mais velho e, em determinada parte da brincadeira, ele colocou os joelhos nas minhas costas e puxou com força causando a lesão”.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!Os dias foram passando e Cícero começou a sentir dificuldades para andar. Sua mãe estranhou e o levou ao médico. O diagnóstico constatou uma lesão na medula, duas cirurgias foram feitas para que Cícero pudesse voltar a andar normalmente, mas as operações não tiveram sucesso. Alguns anos depois, ele ainda fez outra cirurgia e usou aparelhos para auxiliar no seu caminhar, mas não surtiu o efeito desejado e gradativamente ele se tornou cadeirante.
A partir desse momento, Cícero passou a ter novos desafios de vida. Oriundo de uma família humilde, era complicado conseguir uma cadeira de rodas, uma vez que os pais não tinham condições financeiras. Por causa disso, ele viveu vários anos apenas dentro de casa. “Naquela época, as escolas públicas não tinham estrutura para receber pessoas com deficiência e principalmente no meu caso, que não andava. Então fui alfabetizado em casa. Minha mãe pagava professores particulares para ir me ensinar. Eu tinha consciência que se quisesse ter alguma coisa melhor na vida, ainda mais sendo uma pessoa com deficiência, precisava estudar, por isso que nunca desisti”, afirma Cícero.
Aos 16 anos, Cícero foi a primeira vez para escola que ficava na sua comunidade, em Santo Amaro. “Eu ainda não tinha cadeira de rodas, minha irmã me levou num carrinho de mão e não era fácil porque as ruas eram cheias de lama e buracos, além de serem completamente desniveladas. Muitas vezes precisei que pessoas da comunidade me ajudassem para poder chegar à escola, mas depois consegui uma cadeira de rodas”.
Depois de muita luta e insistência, Cícero fez supletivo e concluiu o Ensino Fundamental. Ele continuou estudando e fez vestibular. Na primeira tentativa não passou, então resolveu fazer um curso técnico em computação. Durante esse curso, Cícero conseguiu um estágio como digitador na Universidade Católica de Pernambuco onde foi contratado e já trabalha há mais de 30 anos. Também na Unicap Cícero se formou em Ciências Biológicas. É importante salientar que Cícero começou a trabalhar na Universidade Católica muito antes da lei que obriga as empresas a contratarem pessoas com deficiência. Atualmente, ele continua trabalhando como digitador da instituição, mas também ajuda nas questões de atendimento aos alunos.
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